Wednesday, August 22, 2007

Oceamo

Tenho o coração aberto neste talho de vida e dois cirurgiões amigos a brincar com ele numa tarde em queda livre sobre o oceano, nunca pensei que fosse tão vermelho,
nunca pensei que me custasse tanto nada me ter custado, abri-lo assim…
Acredito no momento em que todos os peixes virão à superfície para calar o mar,
num coração de agua o melhor retrato de família será comê-lo.
O meu dentro de um sargo, dentro de duas sardinhas, lulas a meio fundo, e ainda o que restar de migalhas cardíacas para alimentar esse amor que mergulhou.
O teu rosto húmido é coisa que ninguém sabe, não anda pela casa na sua altura, nem cabelos teus nesta falsa madeira, foi nesse coração que se afundou.

Ou segues os peixes, ou sentas-te à mesa, uma e outra escolha, as duas tão longe…
Estou numa banca de peixe, na barriga de uma rede, na ponta do fio de um fio, de faca na mão a procurar-te, é o que tenho feito, por ti.

3 comments:

Anonymous said...

Questiono-me, quanto tempo com tempo seria preciso para desfazer os nós desse novelo que aí tens. Penso até que alguns - os nós, teriam de ser cortados.
Ou será que não é um novelo e é afinal fio de pesca muito enrolado que, simplesmente, não foi devidamente "cuidado" depois de dias e dias de pesca ???????????

Anonymous said...

Se amo...tanto amor que não há espaço para o egoísmo.
Percebi isso agora e não tenho medo de lança-lo á água, mesmo que se afogue, nesse mar imenso/intenso.

SP EU

Anonymous said...

"nunca pensei que me custasse tanto nada me ter custado, abri-lo assim..."

Profundo, quando sinto o claro desvaneio que todos tentam transmitir no belo preconceito do que é correcto sentir...
Parece Desequilibrio? É, quando aparente bom sabor que queremos mostrar, ser e saborear, sem ser, sem gostar.

Não é o caso. Este texto diz muito!


Mas olha...peixei que é peixe em ultima instância "bebe uma taça de vinho" não na neve...quem sabe... em alto mar... ;-)

Beijosssss
Susana