Thursday, October 18, 2007

A vinha

Cada vez mais há muito tempo pode ser a qualquer hora, um instante, uma memória, um braço armado, novo, aqui estou diante de ti, a saber do espólio, a saber que levar-te é tarefa respiratória, cabeça oxigenada, único lugar no mundo a partir de ti.
De uma vez por todas, a peneira, o trigo e a luz, a farinha para os panados, sacudo os ombros e vou, clara ilha da gema, margens, tudo o que nos fica além pele.
O sol lesou-me esta madrugada, ou outra estrela, o mesmo centro, sem ruído, no peito,
infra vermelho e mira.
Nem um minuto mais te dou que não te pertença o sangue, rio de sombra, vermelho à luz da nossa vinha, palavra a palavra, cacho a cacho, pernas no chão sulcado, minuto nenhum sem suor na testa, húmidas axilas, mulher assim, uvas.
Serei uma encosta, uma planície, um vale, inclinado para o que acredito, até derramar,
porque daqui consigo ver-me, dos meus olhos para tudo e o contrário, daqui consigo ver-me, é Setembro com uma colher na boca, hoje.

No comments: