Saturday, December 22, 2007

Músculo.

Importa-me a mim, eu que me importo, cada vez mais com a luz da porta, quem lá vem e porque, vem que te recebo, de braços abertos e coração fundo, vem que te recebo.
Só não me digas que o bebé é lindo, se não te nasceu voz para isso, não digas,
nem o salário do marido cantado, tão pouco a monstruosa habilidade de um filho, inteligência e as melhores laranjas, se não te nasceu voz para isso, não digas.
O ar da garganta, embora o saiba mais dentro, vive na boca um gatilho, nunca disparas ao centro, nem do centro, que devias querer como um filho.
Algumas nos olhos, outras na boca, e ainda na distância, duas palavras chegam, uma mão por vezes, meiga gente de lábios que durarão para sempre, sou teu, assim sou teu.
Anseio por pessoas que cheguem da aldeia e a mim, campos verdes e gotas de orvalho, cristalinas, verniz manhã para unhas de água.
Pessoas que não entrem onde mil se juntam por nenhuma, um autocarro serve, sorrir-te,
um livro de onde se ergueram os olhos, a carícia de uma maçã antes da boca, ouvir-te.
Disposto a esperar por ti com a delicadeza de um intervalo de formigas, por saber ao que leva o caminho, ou não saber nunca, ser ainda mais delicado para esse grão de areia minúsculo que faz do amor um músculo.

1 comment:

Anonymous said...

Importa-me a mim tambem...