Monday, November 12, 2007

Sexo e cigarros.

Acabei há pouco os cigarros, acabei há pouco de tentar fazer sexo, fumei o ultimo depois de o ter tentado fazer, ainda me deitei com ela, beijo para cá, beijo para lá, em todos os lugares do corpo, se é que isso é possível, em todos os lugares do corpo, ainda acredito que seja, um dia destes, em todos os lugares do corpo.
Nunca escrevo sem fumar, não sei muito bem porquê, um atrás do outro, talvez me estimule, para não lhes dar agora muita importância, digo que talvez me estimulem,
os cigarros, telefonei-lhe, andava por perto, veio, sim, é assim vazio como isto, tomou banho e foi à vida dela, o engraçado é eu achar que não foi assim tão desiludida comigo, quanto eu fico por vezes, confesso.
Precisa de amor, e esse não lho posso eu dar, pede que a abrace, diz querer sentir o meu corpo por cima do dela, sentir-me…
como se isso fosse possível, sem que eu me sinta a mim.
Tenho a sensação que vai voltar mais vezes, ou telefona-me ela, ou ligo-lhe eu, é assim.
Que raio de solidão esta, incendiária, trincheira de corpos feridos de amor ou falta dele,
nunca poder dizer que te amo, e tantas vezes não conseguir sequer foder-te, que amo foder-te, não poder dizer-te o que sou, de ordinário modo, ou outro, não poder dizer-to porque não sinto.
Abraço-te mas o sol não nasce aí no ombro onde arrumo o nariz, nem na tua vagina fui feliz, desculpa, mesmo que não seja necessária, desculpa, podíamos ter falado, claro que podíamos ter falado, em vez de, oh sabe-me tão bem aí, passou a fúria liquida como um carro sem gente pelo teu rosto, que sucesso o meu, que poder, que merda, limpei um dos teus olhos com uma almofada, depois não à boca que valha, afundo a cara no lençol e lembro-me do cão cansado que aceitou o tapete, porque não o querem dentro de casa.
Merecíamos os dois, tu um monstruoso pénis que te chicoteasse, eu um clítoris gigante atravessado na garganta, merecíamos os dois um pouco mais do que isto, até logo, vemo-nos depois, quando a tesão voar no corpo como uma abelha na sala.
Gostava de deixar definitivamente de fumar, eu que gosto infinitamente de fumar, gostava, ser mais profícuo em tudo, acordar e perceber que há outras coisas por nascer ainda, erecções que não aquela, números de telefone que não aquele, outros assuntos pelo menos, gostava que soubesses que te respeito, estranhamente, que não sou feliz, nem quero, apenas outra lente, outra visão nos olhos e na pele, no coração, deixa-me dizer-te que estou de facto perdido, mas ainda muito longe de me perder, quando te ligar será para te dizer, bom dia, continua, amo-te sem te amar, adeus, gostava de deixar os cigarros de vez, só Deus sabe o quanto gosto de tudo o que lhes está agarrado, agarrado aos cigarros, uma vida, agarrado aos cigarros, ainda é cedo digo para mim, ainda que morra amanhã, ainda é cedo, o amor ainda vai alto, claro que sim, um dia chegarei lá, e sem me dar conta, amo-te, gosto tanto de entrar em ti, de morrer nos teu lábios e usar os meus como almofada se nos teus olhos…desculpa, amo-te.

1 comment:

Anonymous said...

Se isto não é uma carta para mim e se eu nunca dormi contigo, andam por ai muitos cigarros queimados após as quecas, muita gente sem saber amar, muita solidão, tanto sofrimento. E no entanto conhecemos-nos a todos tão bem....