Monday, November 19, 2007

Tomás

Soube que casaste, tens um filho chamado Tomás, trabalhas e vives no lugar onde nos deixámos, sinto-te feliz, daqui sentado sinto-te feliz, não deves ter ido de noiva, talvez de calças de linho, camisa e dois botões por casar, agora um anel no dedo dele.
As rugas dos olhos um pouco mais fundas e novos cabelos brancos cobertos de tinta,
continuarás a passar a língua pelos lábios, movimentos esses que dificilmente nos abandonam, acredito que estejas assim, mais agora não sei…
As mulheres gostam de ser mães, eu conheço-te a ti, imagino um sol de fraldas todos os dias, e os teus olhos grandes resistentes à luz.
Leve na vida como quem apaga ruídos desnecessários, pés pequenos, seios de menina, escuros no centro, lembro-me de te rires com lágrimas, de chorares denunciando-te, lembro e sinto-te feliz daqui sentado.
O teu cheiro não, já não é coisa para mim, o barro da memória, esses dedos sim,
como um liceu de saudade a sorrir baixinho na formatura, é desse modo que me chegas de vez em quando, abraçamo-nos de longe e queremo-nos bem.
Enquanto for vivo saberei de ti, num copo de água ou num oceano maior, não importa o lugar onde me encontre, os dias nasceram de frente, eu e tu, os dias continuarão a nascer de frente, é isto que sempre saberei de ti.

2 comments:

Anonymous said...

Não te esqueças do presente. Farinha para o pão, laranjas para o sumo, o peixe para o arroz e uma mesa que não a minha.
Eu não esqueço por um segundo neste meu relogio em que a vida passa.

Anonymous said...

Neste texto quase te senti, como te sinto nos dialogos que nao monologos, intimos, cheios de sentimentos pela eternidade da amizade que temos...A nostalgia que negas pq afinal ela nao existe...

Um beijo saudoso
Susana