Monday, June 4, 2007

...uma família inteira

-Tens sede?
\Não!
-então o que tens?
\nada.
-outra vez?
\sim.
-Mostra-me as tuas mãos, tira as luvas e mostra-me as tuas mãos,
\( sorri sem tempo nos olhos) não!
-o comboio há muito que aqui não passa.
Ficou a linha aí esquecida.
Fizeram outra lá atrás,
Matou-se aqui uma família inteira.
Iam todos para a Covilhã, perderam o comboio, mataram-se!
\Mataram-se?
-Sim, esperaram que passasse o próximo, como era de mercadorias mataram-se!
As malas ficaram, acho que ainda ali estão!
\Perderam o comboio e mataram-se, não achas isso estranho?
Ninguém se mata por perder um comboio!
-Pois, mas estes mataram-se mesmo, eram cinco, morreram os cinco.
Um pai, uma mãe, dois filhos e uma avó, atiraram-se para a frente dele.
Ou iam todos, ou não ia nenhum, também era assim para a covilhã.
\olha, se iam para longe foi melhor assim, não se perdeu nenhum, chegaram todos juntos.

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